O Assédio Moral no Trabalho
- Psicanalista Luciana Rosa
- 9 de ago. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 23 de fev. de 2023
Assédio moral, terror psicológico, violência psíquica ou bulling, é um fenômeno psicossocial, que podem manifestar-se na família, na escola ou no trabalho.
No ambiente de trabalho, a conduta abusiva manifesta-se por comportamentos, palavras, atos, gestos, escritos que possam trazer dano à personalidade, à dignidade ou à integridade física ou psíquica de uma pessoa, pôr em perigo seu emprego ou degradar o ambiente de trabalho.

O psicólogo e professor espanhol, Inaki Piñuel (Piñuel & Zabala, 2003), descreve como o assédio a ação que objetiva destruir a capacidade de trabalho e a resistência psicológica da vítima, e caracteriza a ação do agressor diretamente à indivíduos que apresentam melhor adaptabilidade a mudanças e autocrítica, empáticos, éticos e capazes de assumir uma liderança informal, e certa capacidade de resistir à autoridade, mas que se tornam vítimas porque temem o desemprego estrutural. O perfil do agressor, um “psicopata” corporativo, é de características e perfil destrutivo, arrogante, manipulador, com traços do narcisismo, do maquiavelismo e do transtorno de personalidade, mas que também possui carisma, é arrojado e altamente decisivo, e que aspiram o poder, exercer controle, ser o centro das atenções e a figura que está acima dos outros, em qualquer empresa.
Como intimamente se considera “menos capaz”, e percebe um potencial risco de que sua vítima o “atrapalhe” em seus planos ambiciosos, o agressor a elege alvo de ameaças, críticas infundadas, calúnias, manipulações e estigmatizações frente aos demais companheiros de trabalho, a fim de se sobressair.
Na visão de Marie-France Hirigoyen, psiquiatra, psicanalista e psicoterapeuta especializada em assédio moral, este assédio nasce e se propaga de forma silenciosa e sorrateira. Inicia-se um processo de sedução por parte do agressor, durante o qual a vítima é desestabilizada e perde progressivamente a confiança em si mesma. Nessa fase, trata-se primeiro de seduzi-la, enredá-la, para finalmente, controlá-la, retirando-lhe a liberdade. O agressor ataca seu alvo com inofensivas investidas (mentira, afronta sutil), sem provocar abertamente o conflito. A vítima, na ânsia de não se mostrar ofendida, evita o conflito, entretanto como os ataques vão se multiplicando, com o objetivo de inferiorizar, submeter e manipular com manobras hostis e degradantes, o alvo se sente acuado, e sofre de forma angustiante e penosa.

(...) intimidar, diminuir, humilhar, amedrontar e consumir emocional e intelectualmente a vítima, com o objetivo de eliminá-la da organização ou satisfazer a necessidade insaciável de agredir, controlar e destruir que é apresentada pelo assediador que aproveita a situação organizacional particular (reorganização, redução de custos, burocratização, mudanças drásticas, etc.) para canalizar uma série de impulsos e tendências psicopáticas (Piñuel & Zabala, 2003, p. 32).

Na fase seguinte, surge uma “violência fria”, de ameaças veladas, de olhares acusadores, de humilhações verbais, da depreciação da vítima, com a recusa de comunicação direta, omitindo informações ou negando esclarecimentos, desqualificação de atitudes ou serviços, descrédito em opiniões ou escolhas, isolamento, indução ao erro e, até mesmo, o assédio sexual. O ódio do agressor se manifesta e é desencadeado em resposta às reações da vítima, que invariavelmente se sente culpada, confusa e envergonhada de si mesma. As agressões podem ser entre colegas, e, tanto de um superior contra um subordinado, quanto o inverso.
Quanto às conseqüências para a vítima, vão desde confusão mental, estresse, reforçado pela dúvida (quanto à própria culpa e aos motivos da submissão) e pelo medo (da agressão), isolamento, depressão, “rigidificação" da personalidade, com o surgimento de traços patológicos de mania de perseguição, chamada de psicose alucinatória crônica.
O adoecimento e o medo do desemprego aumentam ainda mais o sofrimento do profissional alvo.

A psicoterapia conduzida por um psicanalista qualificado, experiente e capacitado, poderá apoiar e conduzir o analisando a um processo analítico capaz de identificar ameaças e fraquezas, que resultará em descobertas de novas e reais possibilidades, fortalezas, conquistas e talentos, além de uma maior segurança psicológica, satisfação e qualidade de vida.
Muitos destes agressores precisam na verdade de suporte, de um trabalho de conscientização e desenvolvimento, e um trabalho conduzido por um profissional é recomendável e necessário, a fim de garantir a saúde, a credibilidade e o sucesso das organizações.
Luciana De Rosa | Psicanalista
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